terça-feira, 11 de setembro de 2012

Caminho Francês | Etapa 7 | Rabanal del Camino ao Cebreiro

83,97 Km
27.07 | T. de deslocação 06:31:20 | Vel. Média 12,9 Km/h | Vel. Máxima 56,0 Km/h 


Tinha chovido imenso durante a noite, mas apesar do terreno estar enlameado, estava sol. Esperava-nos  agora a restante subida até à Cruz de Ferro.
 


Foncebadón é a povoação que o caminho cruza e esteve quase abandonada até ao final do Séc. passado. Nesta última década com a revitalização do caminho, apesar do povoado manter o ar de abandono, já tem albergues e restaurantes.


Com a subida, a amplitude visual aumenta e as fantásticas paisagens sucedem-se.
 

Últimas centenas de metros, com a Cruz de ferro já à vista, ao fundo.

Este é o ponto mais alto do caminho e está coberto de simbolismo. No topo existe um tronco com uma Cruz de Ferro no cimo. O monte, dizem, foi construído com as pedras levadas pelos peregrinos. Alguns dizem que se deve levar uma pedra com o tamanho dos nossos pecados, por acaso ainda lá vi algumas pedras de tamanho considerável! Preferimos contudo, levar conchas e pequenas pedras com assinaturas de familiares e de amigos, só para participar!
Existe lá de tudo; chinelos, luvas de btt, fotos, placas, bandeiras, lenços, cartões e muitas, muitas pedras assinadas. À primeira vista até parece lixo, mas depois vendo em detalhe, verifica-se que todos os objectos estão identificados e quase todas as pedras estão, ou já estiveram assinadas.
 

É um lugar com muito simbolismo e um pouco estranho!

A seguir, em Manjarín assistimos a um estranho ritual, dois homens vestidos como cavaleiros Templários, com espada e tudo, prestavam homenagem à figura da Santa.
Manjarín é uma pequeníssima povoação e esteve completamente abandonada. Apenas com um pequeno bar e um albergue deve o seu renascimento à passagem dos peregrinos.


Depois de Manjarin apesar do perfil ser predominantemente descendente ainda existiam algumas subidas.
  

Finalmente, persentia-se que a grande descida iria começar.

Nos próximos quilómetros segundo o perfil, esperava-nos uma descida abrupta.

No início da descida porém, verificamos que num grupo enorme de peregrinos, a esmagadora maioria prosseguia pela estrada e só dois desciam por aqui. Achámos muito estranho porque os peregrinos que faziam o caminho a pé, normalmente optavam por seguir o caminho “original” evitando sempre a opção em estrada. Pouco depois percebemos porquê.

Até à pequena povoação de El Acebo, a descida apesar de muito íngreme não causou grandes sobressaltos.



A partir desta povoação é que se tornou bastante diferente.

Esta descida foi tudo menos agradável.

Tem seções com pedra lisa mas escorregadia, seções íngremes com pedra muito angulosa, caminhos estreitos sobre pedra solta e o precipício por vezes à espreita, sugeria precaução.


Mas mais uma, vez as paisagens compensavam o esforço.

Mais pedra.

A descida finalmente cessou em Molinaseca.  A“Puente Medieval de Peregrinos” é o orgulho da povoação.
 

O “Ayuntamiento” local, refere-se a Molinaseca como o “oásis do caminho”.
 

Durante alguns (poucos) quilómetros o caminho continuava pela estrada até Ponferrada.
 

Com cerca de 70.000 habitantes Ponferrada é uma das últimas grandes cidades no caminho até Santiago. O Castelo de Ponferrada ou Castelo dos Templários, teve a sua origem num castro que deu posteriormente origem a uma cidadela romana.

O Castelo foi construído entre o final do Séc. XII e início do Séc. XIII por iniciativa dos monges-soldados da Ordem dos Templários.
 

O perfil altimétrico para os quarenta quilómetros seguintes indicava uma travessia mais ao menos plana até à grande subida até ao Cebreiro.


Poucos quilómetros depois, passávamos por Columbrianos onde se encontra a Ermita de San Blas y San Roque. Neste local existiu um importante ponto de apoio aos peregrinos.


O recorte das montanhas começava a aparecer no horizonte.

Como tinha estado a chover no dia anterior, as pausas para retemperar forças eram também aproveitadas para pôr as roupas a secar.
 

Mais vinhas depois de Pieros.


Em Villafranca del Bierzo destaca-se a Igreja de Santiago, templo Românico construído no final do Séc. XII.

E a ponte medieval construída sobre o Rio Burbia.
 


Durante os quilómetros seguintes iria começar lentamente a ascensão até Cebreiro.
Depois de vencida a primeira montanha logo pela manhã, aproximava-se agora outra montanha famosa, com a subida ao cume, o Cebreiro a atingir uma altimetria quase semelhante. Só que neste caso como se desce bastante desde a Cruz de Ferro, o diferencial a vencer seria maior!
A subida lá apareceu e só algumas horas depois conseguimos chegar ao topo. Em Laguna de Castilla, já a poucos quilómetros do cume descobrimos que por ali, já estava tudo esgotado, já não havia camas disponíveis. Agora a única opção era mesmo o Cebreiro.
 
Aparecia de novo o frio e o vento forte. Finalmente no cume e já depois de termos reservado os últimos dois lugares disponíveis, fomos jantar.



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