terça-feira, 11 de setembro de 2012

Caminho Francês | Etapa 3 | Estella a Azofra


85,05 Km
23.07 | T. de deslocação 05:54:06 | Vel. Média 14,3 Km/h | Vel. Máxima 52,1 Km/h
 

Saímos de Estella e poucos km depois deparámo-nos com a fonte de vinho da adega de Irache. "A beber sin abusar te invitamos con agrado.” mas “para poderlo llevar el vino ha que ser comprado” dizia a inscrição.


Esta etapa que atravessa o coração de Navarra, cruza vastos campos de cereais e vinhas em colinas com algumas seções onde é possível rolar com alguma facilidade, mas sempre em contínuos declives o que acaba sempre por implicar desgaste muscular.

Até Logrono esta etapa é realizada na direção de Sudoeste e o vento forte em sentido oposto torna-se um obstáculo considerável.

Fonte dos Mouros do Séc. XII, de estilo Gótico foi reconstruída em 1991 e acredita-se ter sido já uma reconstrução da primitiva estrutura do tempo em que os Mouros habitavam o Norte da Península. 

Está localizada entre Azqueta e Villamayor de Monjardín.
Chegámos depois a Torres del Rio. Esta povoação, construída na sua quase totalidade em granito, tem o seu insigne exemplar na Igreja del Santo Sepulcro localizada no ponto mais elevado, mesmo na entrada da povoação.
 


É uma Igreja rara no seu estilo, de planta octogonal e com uma abside semicircular que apesar de Românica, conjuga segundo alguns historiadores, conhecimentos da construção de mesquitas com técnicas construtivas tradicionais e contrasta assim, com a tradicional linha horizontal e com o aspeto maciço de paredes cegas, característicos do estilo.  
Prosseguimos até Viana. Decorriam as Fiestas Patronales de Santa María Magdalena y Santiago. A agitação era tremenda e quando interpelámos um dos habitantes locais para saber o que se estava a passar fomos quase intimados a participar na “fiesta”. Perante tamanha insistência, guardámos as bicicletas no albergue local e fomos ver o que se passava. O plano da “fiesta” além de outras atividades, nesse dia incluía também uma largada de touros!
 


Viana, à semelhança de outras cidades, tem esta tradição bem conhecida de largada de touros. A “fiesta” mais conhecida, tornada célebre entre outros por Hemingway é a de San Fermín em Pamplona. Infelizmente, essa já tinha tido lugar uns dias antes da nossa passagem.
 


Existem certamente várias festas parecidas, porque vimos em muitas localidades o mesmo tipo de portões que permitem fechar as ruas e cercear a passagem dos touros. Na imagem, são os próprios muros da  Igreja de Santa Maria, monumento nacional em estilo Gótico que servem de proteção à passagem dos touros.
 
As casas e os estabelecimentos comerciais têm estruturas próprias para proteger as portas e as janelas. Um dos aspetos curiosos desta festa é ver uma rua cheia de gente nos restaurantes, bares e nas esplanadas e poucos minutos depois essa mesma rua estar quase deserta e com tudo fechado e com proteções nos vãos! Curioso é também ver quase toda a gente de uma cidade vestida de branco e com um laço vermelho! Além disso, estar a participar numa festa, onde estão paramédicos à espera que algo possa correr mal é também no mínimo, um pouco estranho!
Poucos km depois de abandonarmos Viana, ainda tivemos que ficar retidos algum tempo, pois havia dois touros à solta pelos campos que se tinham afastado dos restantes, que continuavam por esta hora a percorrer as ruas da cidade. O aparato era grande com Polícia, Proteção Civil e grupos de civis a avisar quem passava e a correr de um lado para o outro.
Apesar das muitas horas perdidas em Viana, não demos por mal empregue o nosso tempo!



Ponte de madeira próximo do adeus a Navarra. Esteve muito quente neste dia, com temperaturas perto dos 40º.

Depois, prosseguimos viagem até Logroño, capital da comunidade autónoma de La Rioja a cidade tem cerca de 150.000 habitantes.



Parque de San Miguel. Logroño é uma cidade muito limpa e com imensos espaços verdes bem tratados.
 


Rio Somero, alguns quilómetros depois de Logroño. A partir daqui o Caminho Francês segue a direção Poente até Santiago de Compostela. 
Prosseguindo caminho até Navarrete.
Navarrete é uma pequena povoação e possui uma pequeno mas bem tratado centro histórico. A Igreja da La Asunción, Renascentista aí localizada apresenta uma envergadura considerável e a sua construção demorou cerca de um século (1553 a 1645).
De novo a rolar.
 


Pedras amontoadas pelos Peregrinos próximo de uma povoação chamada Ventosa.


Existem várias estruturas destas e com diversas configurações por todo o caminho. As pedras amontoadas servem como marcação do caminho mas aparentemente segundo a tradição, ao deixar uma pedra encontrada no caminho ou proveniente de casa, pode-se formular um desejo que o mesmo realizar-se-á. 

Decidimos dar a etapa por encerrada em Azofra.
Azofra é uma pequena povoação com uma economia baseada na agricultura à semelhança de muitas outras povoações, que fomos cruzando por esta zona da província de La Rioja.

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